sábado, junho 21, 2008

Recordações

Lembro-me muitas vezes deste texto, não sei em que classe o li, mas por vezes e em conversas surge no meu pensamento este texto o do menino do contra que fazia omeletes com as cascas.

o menino do contra

O menino do contra
queria tudo ao contrário:
deitava os fatos na cama
e dormia no armário.

Das cascas dos ovos
fazia uma omelete;
para tomar banho
usava a retrete.

Andava, corria
de pernas para o ar;
se estava contente,
punha-se a chorar.

Molhava-se ao sol,
secava na chuva,
e em cada pé
usava uma luva.

Escrevia no lápis
com o papel,
achava salgado
o sabor a mel.

No dia dos anos
teve dois presentes:
um pente com velas
e um bolo com dentes.

~ Luísa Ducla Soares



Apesar de não ter tido daqueles manuais do Estado Novo em que os textos tinham sempre (ou quase sempre) a mesma mensagem, recordo-me deste. O meu pai ainda hoje fala de alguns textos que copiava e de composições que fazia, a minha mãe recorda os livros da primária com saudade "ai naquele tempo os livros eram tao lindos", pois bem, os meus estão na garagem guardadinhos. Se os abrir sou capaz de me lembrar de um ou outro desenho, mas sem dúvida que este texto estará para sempre na minha memória. Recordo com alegria os tempos da primária: tombos, quedas, o meu relógio partido, os carnavais, as professoras e algumas crianças que já nem sequer me lembro dos nomes. Há sempre coisas que ficam e vão, não por serem más e esquecermo-nos nem por serem boas...simplesmente há momentos que ficam gravados. Há uns meses atrás telefonei para uma rapariga que foi do meu infantário e da minha 1ª classe, davamo-nos muito bem, dormiamos uma em casa da outra, iamos ás festas de aniversário, etc. Mudou de casa e o contacto perdeu-se naquela altura. O último contacto foi em 1998. Volvidos 10 anos encontrei um número de telefone das 2 irmãs, as minhas melhores amigas de infância. Atendeu a mãe delas meia desconfiada

eu: é de casa da Sofia?
Teresa: sim
eu: ela está?
Teresa: não
eu: estou a falar com a Teresa?
Teresa: sim, mas quem é que está a falar??!?!?!
eu: é a Gisela!
Teresa: AIIIII NÃO ACREDITO GISELAAAAAA, tanto que te procurámos mas nem o teu nome sabiamos porque chamavamos-te sempre "Gisela panela"! fomos à tua casa, falámos com o David, pensámos ir à câmara municipal mas também não sabíamos o nome completo do teu pai...

:D

É que já nem me lembrava da "Gisela panela", apenas de uma delas pensar durante não sei quantos anos que eu era ""Ginsela". No dia seguinte a tal Sofia telefonou-me, ficamos mais de 1 hora ao telefone, a conversa não acabava, e descobríamos a cada frase que tínhamos imensas coisas em comum. Marcámos um encontro e prometemos nunca mais desaparecermos.
Eu contei histórias de que me lembrava e ela já não e vice versa, infelizmente não temos tido tempo para nos encontrarmos, mas durante anos revisitei as minhas memórias, falava com os meus pais sobre essa família que tanto acarinhávamos e passados 10 anos aconteceu, quase metade da nossa vida sem nos vermos mas com tanto para partilhar e ainda por descobrir.
Guardo com carinho os postais de Monte Gordo que me mandavam; a caneta do Aladino, o conjunto de envelopes e o gancho verde escuro que me deram como prendas de anos; não me esqueço do candeeiro em forma de balão, nem da Bela e do Monstro; o pássaro de madeira; a casa das bonecas na casa dos avós; "olhem a polícia, baixem-se!"....


Conclusão:
Há momentos que não se esquecem e pessoas também não.


(Também me lembro quando representei no 9º ano um Auto da Barca dos Estudantes para a Luisa Ducla Soares e que nervosismo, mal sabia eu que ela era autora do "Menino do contra" porque senão tinha desmaiado...no entanto guardo com carinho um diploma de participação assinado por ela.)

sexta-feira, junho 20, 2008

«Ser ou não ser, eis a questão», William Shakespeare

Ser…
…ou não ser…
Há muitas coisas que podemos ser, ou não, e somos nós que o escolhemos. Não sei se era nisso que pensava Shakespeare (ou Hamlet), porque nunca vi a peça, nunca li o livro e nunca vi uma representação cinematográfica da obra.
Há quem escolha chorar (em silêncio ou com lágrimas);
Há quem escolha indignar-se com tudo, com a vida, com as pessoas… e, no escuro da solidão, amaldiçoar a felicidade renegada;
Há quem escolha a indiferença;
Há quem escolha ser triste – no entanto, ao contrário do que as pessoas que o escolhem julgam, não é esse o melhor caminho para receber atenção;
Há quem escolha ser outra pessoa sem nunca abandonar quem era antes…

Depois há os corajosos.
Os que recebem a dor e a transformam em sorrisos;
Os que escolhem ser lutadores na incerteza;
Os que escolhem viver;
Os que escolhem ser felizes;
Os que escolhem sorrir – sorrir é a melhor forma de matar a dor.

Claro que os que escolhem a miséria chamam os corajosos de inconscientes, mas só porque lhes falta a coragem que os outros tiveram.
A coragem é saber ter medo, é saber enfrentar as dificuldades mesmo sabendo que vamos perder, é saber sorrir quando tudo o resto é miséria, é saber que esse sorriso irá libertar-nos da dor.

domingo, junho 15, 2008

Humor de Salão «As melhores piadas são as do empregado d'A Brasileira»

Hoje apresento um post algo grande. Grande em tamanho e grande em piada. Para quem gosta de se rir, aqui vão as melhores "anecdotas". Parabéns aos autores "Não Alinhados" pela grande qualidade dos videos. De referir que foram estes que nos trouxeram o "mais-que-precioso" Bruno Aleixo...

O esparguete

01. O Esparguete from Não Alinhados on Vimeo.

A Sardinha


02. A Sardinha from Não Alinhados on Vimeo.

O Mercedes


03. O Mercedes from Não Alinhados on Vimeo.

As Horas

04. As Horas from Não Alinhados on Vimeo.

P.S. Com certeza que o cliente vos fez lembrar uma antiga professora nossa...

segunda-feira, junho 09, 2008

Portugal


A poucos minutos do feriado nacional que é comemorado por toda a população portuguesa de uma forma nobre (sem festejar), decidi escrever um post e dedicá-lo à "ditosa pátria" (como se dizia no Estado Novo).

O 10 de Junho é um equivalente à festa americana de 4 de Julho, um dia "nacional". Quão nacional será? Qual o seu significado? Bem uma coisa é certa, não fazemos pic-nics nem reconstituições históricas, mas vamos à praia! Que melhor forma de comemorar o dia de Camões sem ser ir para a praia nadar como ele? E gritar com um braço empoleirado "salvem-me que eu tenho nesta mão os Lusíadas!"? Não é que o faça frequentemente, mas já o fiz, num teatro em que eu representava Luís de Camões (e sim tive que usar uma pala no olho e fingir que nadava com um braço).

O que é afinal este dia?

Bom... segundo o prof. Luís Nuno Rodrigues (do departamento de História do ISCTE e que nunca nos deu aulas) sabe-se que é celebrado há 128 anos e para comemorar o glorioso Luís de Camões. O que eu não sabia é que só é feriado nacional a partir de 1952, quando o governo decidiu que passaria a ser o:
  • Dia da Raça;
  • Dia de Portugal;
  • Dia de Camões.
Hoje ainda se usam as duas últimas terminologias. Mas as pessoas andam confusas (ou pelo menos eu porque ninguém mais pensará nisto), sabem que Camões é português mas porquê a escolha deste dia para o dia de Portugal? Porque não 25 de Julho (pelo que dizem: aniversário do 1º rei português)? Esse sim faria sentido! Que o prof. Serrão não me oiça dizer isto, mas a verdade é que não há português que não saiba quem foi o primeiro rei de Portugal! Ele foi o fundador da Pátria.
Não entendo como é que o Prof. Dr. António Oliveira Salazar (e o Fred vai chamar-me novamente de fascista) não pensou nele! Ou então simplesmente criava um dia para Portugal, pegava naqueles calendários dos positivistas do século XIX e escolhia um dia. Não que eu tenha algo contra o poeta, mas ainda hoje toda a gente tem uma memória traumática sobre a aprendizagem dos Lusíadas na escola! Não há ninguém que leia os poemas uma só vez e os compreenda sem saber o que está por detrás daquilo: são as estrofes, é o sistema métrico de versos decassilábicos...

Afinal o que é português? Com o que é que os portugueses se identificam?
CR7? Futebol?
Quais janelinhas e varandinhas dos bairros lisboetas com florinhas e cortinados de croché?! O que se quer agora são bandeirinhas portuguesas! Uma "casa portuguesa com certeza" não é portuguesa sem a bandeira ao vento! Uma, duas...quantas mais melhor! Portugal é a selecção portuguesa!
Os únicos portugueses conhecidos no estrangeiro pertencem ao mundo futebolístico, escapa Fernando Pessoa e Amália Rodrigues, mas não sei por mais quanto tempo. Para os que visitam Portugal é também a comida: pasteis de Belém, peixe, ginjinha de Óbidos e vinho do Porto.

Deveríamos seguir o projecto do António Júnior (brasileiro que foi parar á minha turma numa cadeira de Culturas Urbanas e Culturas Populares)?
O objectivo desse projecto é: divulgar a tudo e todos (os brasileiros que ainda vivem na terra natal e não apenas na cidade "Natal") os valores da sua cultura! Obrigá-los a saber o que significam os feriados, cores das bandeiras, personalidades importantes, tradições, etc.

Sim, estaríamos a recuar um pouco e a aproximar do tempo da eleição da "terra mais portuguesa de Portugal" e dos trajes pobres das minhotas que têm a cabeça pesada por tanto ouro estar pendurado nelas...Afinal o que é português? Com que é que os portugueses de identificam? Seremos para sempre os lusitanos saudosos dos tempos de glória, sempre ligados ao mar quando há imensa gente do interior que nunca o viu? "País de brandos costumes" que desbravou o mar e os campeonatos de futebol? Seremos agora assim definidos?
Não sei, só sei que enquanto o europeu dura os portugueses esquecem-se da crise económica, pegam no seu carrinho e vão apitar para as ruas, gastando dinheiro no combustível que eles tanto esforço fazem para poupar durante os outros dias da semana em que não há jogos.


"A bem da nação"

domingo, junho 01, 2008

Joaninha


Para a Joana Santos...

Nos últimos tempos tem havido uma boa aproximação entre nós, nasceu uma amizade um companheirismo. Eu e o Frederico jogámos contigo aos berlindes, ao macaquinho do chinês entre outros e até ganhaste ao Jogo dos Aviões! Momentos únicos vividos.
Foste a colega mais simpática na viagem a Vila Viçosa! Sempre divertida e de sorriso aberto. Mostras humildade e estás sempre pronta para a aventura por tudo isto, em meu nome e no do Frederico, agradecemos deixando um beijinho especial para ti dedicando esta música muito bonita da Madalena Iglésias (que tem um processo na PIDE que eu vi quando estive na Torre do Tombo :P, daqui a uns anos quando a informação for disponibilizada vou para lá a correr).

http://www.youtube.com/watch?v=mtu1WrRfK-k


"Tu és quem és"