terça-feira, janeiro 06, 2009

Vou copiar-te e contar um conto.


«Queres que te conte um conto? Era uma vez um homem em cima de uma ponte.»
«Estás a rir-te? Já não te conto.»
Havia uma senhora que todas as vezes que ia arranjar o cabelo ao salão de cabeleireiro da minha mãe, contava-me esta lenga-lenga. Ora, isto durou dos meus 5 anos até para aí aos 14/15 anos... como devem imaginar houve uma altura - ali por volta dos meus 10/11 anos - em que já estava tão farto desta lenga-lenga todas as semanas, que só me apetecia "afucinhar" com a cara da "mulher" no secador lá do salão e pôr a temperatura no máximo - se calhar até era um favor que lhe fazia, já que depois disso haveria de sair de lá com um bronze indicador ou de muito tempo na praia ou de uma boa temporada na neve.

Outro conto:
Era uma vez um coelho e um cágado ou uma tartaruga ou que raio era. Ah e não era um coelho, era uma lebre (na realidade, uma lebre é um coelho "esganiçado").
Certo dia, que devia ser de Verão ou então um dia de Primavera quente - devido às peripécias em que o mamífero se viu envolvido -, o nosso amigo peludo e garganeiro, decidiu zonzoar nas orelhas inexistentes da tortuga (é assim que se diz em espanhol):

«Ah e tal és uma fraquinha! Mal podes com esse "coiso" que tens às costas! Aposto que sou bué mais rápido que tu, oh cágado!» - disse a lebre.

«Não duvido que sejas mais rápido que eu, mas deves, concerteza, saber que não podes ser mais rápido que eu em tudo. Olha, ainda no sábado comi um monte de alperces num abrir e piscar de olhos. Conseguias?» - Replicou o réptil nojento.

A lebre (que tinha o doce nome de Tobias), respondeu de volta:
«Qu'é que foi? Queres levar é? Sou mais rápido que tu numa corrida, oh cara de osga!»

A tartaruga, que não tem laços familiares com as tartarugas ninja do cinema, respondeu logo e de forma exaltada:
«Quando e onde?»

«Ali ao pé do medronheiro velho, sábado às 15h.» - respondeu a lebre Tobias.

«Eh pah! Sábado não dá porque já combinei uma partida de futebol. Olha por falar nisso, queres vir? Está a faltar um. O Lúcio diz que não sabe se vai e mais vale ir gente a mais que sempre vamos fazendo substituições.» - disse a tartaruga.

«Oh pah! Claro que vou! Fica com o meu número para depois combinarmos melhor. O número é: 96 233 233.» - mandou a lebre.

«'Tão vá! Fica combinado. Ah e olha não te esqueças que somos bichos do mato e não temos horas. Que tal a corrida ser domingo, quando o Sol nascer?» - replicou a tartaruga.

«Eh pah isso é muito cedo. "A essa hora estou bem é na caminha". Não pode antes ser lá p'ra quando a mãe pata, atravessar o ribeiro?» - perguntou a lebre.

«Pode! Claro que pode. Então vá! Até lá!» - disse a tartaruga.

O FIM.

Muitos de vós devem estar a pensar: "Oh! Queres ver que o deslavado do moço se esqueceu da parte da corrida?"
Resposta: claro que não. Só que, tal como na realidade, também no mundo animal existem "cortes". E a lebre "cortou-se" e não apareceu. Acho que foi antes jogar consola para casa do Flávio (um papa-formigas).

Os contos têm sempre uma moral e tal como La Fontaine pensou, quando escreveu este conto, a moral desta história é: quem acredita nestas tangas é parvo, porque é certo e sabido que os animais não falam. Se querem lições de moral procurem uma igreja, porque também é certo e sabido que as igrejas são as portadoras da boa moral.
No entanto, deixo-vos um conselho: trabalhem pouco, ganhem muito dinheiro, depois construam casas gigantes, invistam em arte da mais cara e dos maiores artistas do mundo, pintem tudo o que vos apetecer de dourado e andem em carros de luxo. Por fim montem um palanque alto, ponham lá um microfone e digam que têm muita pena das pessoas que sofrem em África. É o que a Igreja Católica tem feito e parece-me uma boa moral.

P.S. Antes que comecem a ter ataques de histeria, sei que os padres das paróquias pequenas ajudam muita gente e não têm assim tanto dinheiro, mas ainda assim o que escrevi é verdade.

3 comentários:

genoveva disse...

o que mete mais piada neste post é o seu inicio! em lisboa é impensavel haver desse tipo de brincadeiras, porque "ponte" não rima com "conto". Em algarvio sim! faz sentido! "conte....ponte...".
Sempre de bom humour este Frederico espanta tudo e todos com os seus posts, onde fala dee animais e ao mesmo tempo da Igreja. E além disso ainda manda indirectas para os "cortadores" tao comuns na nossa turma! (já pensaram ir paratalhantes?).
"cara de osga" deve ser para ti o pior insulto que possa haver...e chamaste isso à pobre tartaruga uqe já era uma "tadinha" só pelo simples facto de a chamarem de: cágado.

Frederico disse...

Mais piada ainda é eu só ter percebido que só rimava em algarvio, agora que falaste nisso :P

bilma disse...

hahahahahahaha
fartei-me de rir!!!!
eu gostei mais da parte da igreja. tou sempre a dizer isso ao meu pai, mas ele não me liga nenhuma. diz que é crente...em deus, claro: )