quarta-feira, outubro 15, 2008

Introdução à Antropologia

Uma vez pediram-nos para escrever umas linhas sobre o racismo, a cadeira era Antropologia e o prof um pró-americano de ideias estranhas. Se fosse hoje, teria escrito um texto completamente diferente, mas na altura achei que a poesia e um discurso humanitário me valeriam boa nota. Estava enganada, o trabalho rendeu-me uma positiva à rasquinha.
Como é óbvio, não tive coragem para contradizer o professor. Ele dizia: não há raças! Homem é Homem. A primeira vez que o ouvi dizer aquilo pensei que fosse uma metáfora, depois percebi que era a sério, mas até hoje ainda não consegui entende-lo. Homem é Homem, é certo, mas parece-me claro que um negro não é igual a um índio ou um indiano igual a um chinês, ou a um japonês. Foi então que decidi procurar o significado de raça e o significado de espécie. Segundo a wikipedia raça é: “do ponto de vista da biologia, é um conceito pouco empregado e é sinónimo de subespécie. No entanto, este termo foi utilizado historicamente para identificar categorias humanas socialmente definidas. Para a antropologia interessa como o termo raça é utilizado para construir identidades culturais”. Não acho que uma pele vermelha, outra castanha, outra branca sejam diferenças culturais, tão pouco narizes pontiagudos, narizes largos, olhos em forma de amêndoa, ou olhos redondos.
Espécie (também recorrendo à wiki): “em biologia denomina-se espécie (do latim Specie) a cada um dos grupos em que se dividem os géneros, e que são compostos de indivíduos que, para além dos caracteres genéricos, têm em comum outros caracteres pelos quais se assemelham entre si e se distinguem das demais espécies. Desde o ponto de vista estritamente sistemático ou da taxionomia, é a hierarquia compreendida entre o género (ou o subgénero, se existir) e a variedade (ou, seja caso, a subespécie)”. Parece-me que somos uma espécie dividida em raças, que hoje em dia se misturam, mas que ainda são possíveis de distinguir. Existe um conjunto de características físicas, específicas de uma raça, mas um indivíduo não precisa de partilhar todas essas características para ser possível identificar a sua raça. Tal como a cultura é um conjunto de hábitos e costumes, que um conjunto de pessoas partilham, nenhuma pessoa adquire todos os hábitos ou costumes da cultura ou sociedade a que pertence, mas adere à maioria, o que a define como membro. Acredito que, em muitos anos, não existirão raças, que a mistura será tão grande que as diferenças se esbaterão. Existem diferenças, existem pessoas diferentes, existem misturas, mas as raças ainda são identificáveis. Que se aceite a diferença, a diferença não é uma coisa má. Afirmar que existem raças não é sinónimo de discriminação. Talvez vá longe demais, se disser que os antropólogos que partilham a tese de que não há raças, só o façam porque foi a Antropologia que começou a estudar o Homem, em diferentes culturas e sociedades, das próprias, num contexto de homogeneização da Humanidade. Alguns acreditam, com certeza, mas a coerência nem sempre é evidente, pelo menos a mim me parece.
Lembro que no final da cadeira de Introdução à Antropologia tivemos de ler o livro de Margaret Meed, intitulado Coming of Age in Samoa, e fazer uma observação escrita. Mais uma vez disse o que me foi ensinado, e não o que pensava. O livro tratava a adolescência, especialmente nas raparigas, tento o objectivo de verificar, se este período da vida também se apresentava turbulento numa sociedade completamente diferente da americana. A conclusão era negativa, na opinião de Mead e do prof, mas na minha não. Achei que também havia uma certa crise no crescimento das raparigas em relação aos parceiros sexuais, existindo também relações conturbadas entre rapazes e raparigas na altura da adolescência. Também vimos filmes da investigação de Mead nas ilhas de Samoa, mas não me pareceu, mesmo que Mead tratava os nativos da ilha de igual para igual. Achei que mantinha uma postura de superioridade, um pouco como nós quando visitamos o zoo, contradizendo toda a lógica das aulas e da Antropologia anti-colonialista.

4 comentários:

genoveva disse...

Não me lembro de ter escrito linhas sobre o racismo, mas sobre etnocentrismo. Deixa lá Bilma...ele não deu nota menos boa só a ti, ninguém teve notas "boas". E fizeste bem na mesma não contradize-lo, porque poderia dar mau resultado, lembraste do Arsénio e da Daniela....?

Frederico disse...

Acho que tens razão... as raças, fisicamente falando, existem... mas apenas por aí. As únicas diferenças que marcam as várias "subespécies" humanas apenas são as características físicas. Claro que o clima (que também moldou o corpo) e o terreno fazem com que essas diferentes subespécies tenham escolhido diferentes respostas para diferentes problemas. Racismo é não compreender isso. Quanto à ideia que lanças de que num futuro as raças, ou as diferenças físicas, seram cada vez menores... bem... és bem capaz de ter razão! Qualquer dia seremos todos semelhantes (se não nos matarmos todos entretanto eheheheh).

Gostei muito de ler o teu post e de te ver por aqui! Continua e vamos levar este blog ao infinito :D

Ah! Já agora... espero que esteja tudo bem contigo :)

bilma disse...

Agora para o Fred:

sim estou bem, obrigada. este ano vou para o 1º ano de mestrado de turismo, ramificação em organização de eventos. a Gisela disse me que já tas no Algarve e que tas a procura de emprego. Desejo-te muita sorte para encontrares algo rapidamente. Quando voltares a capital devíamos fazer um jantar....não de turma pq já se sabe quem vai, mas um jantar de amigos.

Anónimo disse...

Acho que qdo se diz que não existe raça entre os homens é no sentindo de que começamos juntos, as tentativas de ajustes ambientais é que geraram as diferenças que são apenas expostas na pele, no cabelo, no buraquinho do nariz.
Mas concordo qdo diz que existe algo de medo do preconceito e o racismo nessa negativa.

abraço

em tempo: qdo se trata das questões culturais é melhor falarmos de grupos étnicos.